Programa de TV realizado por reeducandas dentro da Cadeia Pública Feminina de Votorantim/SP



terça-feira, 28 de setembro de 2010

Revista Imprensa » Edição 260 (Set/2010)


A Revista Imprensa deste mês (setembro/09)
traz uma matéria sobre o TV Cela!


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Abaixo segue conteúdo públicado no Site Portal Imprensa.

A matéria completa só é
disponibilizada na revista impressa.



Cidadania

Projeto criado na cidade paulista de Votorantim permite às reeducandas da Cadeia Feminina do município mostrarem que estereótipos podem ser desfeitos


Outro enquadramento


Por Luiz Gustavo Pacete, da equipe de estagiários


O título da matéria "Outro enquadramento" publicada na edição especial de aniversário da revista IMPRENSA de setembro (nº 260, pág. 92), ilustra bem a essência do projeto TV Cela, criado na cidade paulista de Votorantim e que permite às reeducandas da Cadeia Feminina do município mostrarem que estereótipos podem ser desfeitos. A reinserção social de ex-detentos, ainda é um grande problema no Brasil. Fora do discurso, o preconceito impera, oferecer empregos e oportunidades chega a ser uma possibilidade remota. Observando tal situação e verificando a precariedade do presídio que ultrapassa seu limite, os jornalistas Werinton Kermes e Luciana Lopez criaram o projeto com o objetivo de dar voz às detentas e permitir que elas se expressem, se informem, e tenham contato com uma nova realidade por meio da gravação de um programa de TV.

Para realizar esta reportagem a única forma de comunicação com as detentas foi via carta. Abaixo você acompanha a integra das cartas enviadas por elas por meio da jornalista Luciana Lopez e que expressa de outro ponto de vista a percepção de quem vive um "Outro enquadramento".

Alessandra de Souza Gabriel, 37 anos. Condenada a 4 anos e 10 meses por tráfico de drogas. Casada há 23 anos. Mãe de 4 filhos. Atual produtora do TV Cela

"Estou presa faz oito meses, e sempre fui uma pessoa muito comunicativa. Quando cheguei ao presídio me senti muito mal, pois sempre gostei muito de ver jornal e sou apaixonada por TV, mas nunca imaginei que seria num lugar desses que encontraria um programa de televisão. E achei muito interessante o TV Cela. Eu mesma comecei observar e aos poucos fui chegando, até que um dia uma das produtoras por ver meu interesse e vontade em participar me convidou e os organizadores do me aceitaram, aqui estou a mais ou menos 4 meses. Ajudo e participo de um projeto que para nós é muito importante, e acredito que hoje através deste programa de televisão as pessoas nos vejam com outros olhos. Sem contar que o TV Cela nos ajuda a aumentar a auto-estima e que apesar de termos cometidos alguns erros o programa nos dá a oportunidade de mostrar que estamos prontas para voltar a sociedade. E mais, quem não gosta de televisão? Pois televisão é cultura. Aproveito para agradecer o carinho que os coordenadores do programa Werinton e Luciana nos tem dado. Sem falar no respeito que eles conseguiram conquistar entre nós reeducandas. Nosso muito obrigado, pois foi graças ao TV Cela que hoje a nossa auto-estima se elevou. Que outras emissoras possam se interessar e nos dar a oportunidade de mostrar que somos capazes".

Renata Arias, 20 anos. Condenada por tráfico de drogas. Atual apresentadora do TV Cela

"Era produtora e agora serei apresentadora do TV Cela. Estudei um ano de psicologia. Participo do TV Cela há aproximadamente seis meses, antes disso eu apenas admirava e conversava com as participantes e os organizadores, mostrando interesse e participação ajudando as meninas. Com a liberdade de duas produtoras tive a oportunidade de entrar na produção do programa, foram mais ou menos 13 entrevistados entre eles, médicos, advogados, promotores e artistas. Eles além de trazerem informações e ajuda. Isso mostra o quanto somos importante mesmo presas e tenho certeza que mudaram a visão de muitas pessoas que assistiram ao programa tendo mais carinho e respeito a nós.Sou uma pessoa que não penso em nada mais que venha me trazer aqui de novo, mudei muito, meus conceitos e valores e o TV Cela me ajudou a ter um outro ponto de vista não só na teoria como na prática, ocupou meu tempo vago para coisas produtivas, fez eu pensar e ter retorno das minhas dúvidas. Fora o apoio que temos dos organizadores que nos tratam com um carinho muito especial que particularmente faz minha auto-estima crescer e mostrou nossa capacidade que muitas como eu acharão que não tinham com o programa aprendi que nossa capacidade está no tamanho da nossa vontade, temos que lutar e ir atrás de nossa felicidade".

Suzana Maria Ramos, 26 anos. Atual produtora do TV Cela

"Eu sou a Suzana Maria Moragua Ramos, tenho 26 anos cheguei ao presídio grávida e hoje me arrependo de tudo o que fiz para estar aqui. Comecei a participar do TV Cela para ter a oportunidade na vida de ser uma cidadã, pois eu sempre tive um sonho, meu sonho era trabalhar com filmagem de clipes, rodeios, e com produções de imagens. Hoje sou reeducanda de Votorantim, e o TV Cela me deu uma oportunidade para mostrar o Brasil que nos queremos mudar e um sonho a realizar, ser um cidadão andar de cabeça erguida, sem ser parada pela policia. Sou mãe tenho 3 filhos e agora queria mais uma chance de poder ser feliz com meus filhos. Tenho uma mãe que está batalhando lá fora para mantê-los. Agora eu tenho essa chance de mostrar pra vocês de fora que eu sou Suzana e quero mudar de vida e ficar ao lado de minha família trabalhando. Eu agradeço o projeto por tudo, por não nos abandonar, queremos mais uma chance na vida. Para nós que somos brasileiros, queremos sim mudar de vida e ser feliz igual a vocês, o TV Cela veio ate nós reeducandas para mostrar pra vocês, ai de fora, que não é nada disso que pensam de nós. Mas queremos sim uma chance de sermos felizes, com a nossa família, queremos mudar, é difícil sou a primeira e eu vejo o sofrimento de muitas mães e pessoas querendo estudar, trabalhar e ser um cidadão".

Acompanhe aqui alguns trechos de programas e matérias realizadas por outros veículos de comunicação:



Leia a matéria completa na edição 260 do IMPRENSA

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