Programa de TV realizado por reeducandas dentro da Cadeia Pública Feminina de Votorantim/SP



sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Folha de Votorantim

publicada em 17/11/2009

texto: Rivail de Oliveira
Deputada acredita que novo


CDP sai até o ano que vem



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Em visita à superlotada Cadeia Feminina de Votorantim, ontem, a deputada estadual Maria Lúcia Amary (PSDB), que deu entrevista á equipe do projeto “TV Cela”, realizado por uma produtora com a participação das reclusas, disse que espera para o fim do ano que vem a construção pelo Governo do Estado de São Paulo do novo Centro de Detenção Provisória Feminino da cidade. O novo prédio pretende abrir 750 vagas para Votorantim e região e com ele, prometeu a deputada, a atual cadeia será finalmente desativada.

O eterno problema da superlotação da cadeia se arrasta há vários anos.

Segundo a deputada tucana (mesmo partido do governador José Serra), a área está reservada, já existe o projeto já aprovado, e a nova unidade vai custar R$ 45 milhões. Segundo Maria Lúcia, houve uma parada no procedimento para uma revisão do Governo do Estado dentro do pacote de unidades que estão previsto para serem construídos. “O que podemos informar é que com a confirmação da construção da nova unidade de Votorantim, o processo aguarda agora o início da licitação para a obra. Esperamos que não haja nenhum problema durante um processo de licitação como esse. Se tudo correr bem, acredito que no fim do ano que vem essa nova unidade possa ser entregue para acabar de vez com esse problema da superlotação da unidade de Votorantim”, disse Maria Lúcia Amary. Ainda sobre a superlotação, a deputada disse que sempre que é necessário, está havendo a remoção de reclusas para outros locais para amenizar o problema.

Aguardando a interdição judicial - O delegado titular da Delegacia da Juventude de Sorocaba (Diju), José Augusto Pupin mostrou preocupação com a superlotação da cadeia. Segundo ele, a cadeia tem capacidade para 48 detentas e hoje 150 ocupam o local, ou seja, três vezes mais. Isso num período de calor forte é visto como preocupação pelo delegado.

Pupin informou que três ações para a interdição da Cadeia Pública, seja total ou parcial, tramitam na Comarca da Justiça de Votorantim – uma da Justiça, um do Ministério Público e um da Defensoria Pública. “Aguardamos uma decisão do Judiciário local sobre todas essas ações”, disse o delegado. Segundo ele essas ações apontam falta de condições do atual prédio, que recebe uma população três vezes maior que poderia. Segundo Pupin, se ocorrer a determinação da interdição, imediatamente serão tomadas iniciativas para a retirada da totalidade ou parte das detentas do prédio.

Projeto da saúde de detentas em tramitação - A deputada Maria Lúcia Amary disse que o projeto de sua autoria que trata da prevenção e assistência às reclusas, que surgiu depois de reivindicações das reclusas da cadeia de Votorantim, está tramitando pelas comissões da Assembléia Legislativa, deve ser votado em plenário até o primeiro semestre do ano que vem. Depois de aprovada e sancionada, a medida atuará diretamente na prevenção de doenças às detentas e na saúde em geral das mulheres presas, atentando em especial para a realização de um pré-natal pelas mulheres.

TV CELA

Equipe se emociona e fala em futuro

Uma luz para o futuro e uma esperança de uma nova profissão. Assim as detentas da cadeia pública de Votorantim vêem o projeto “TV Cela”. O programa é realizado pelas próprias detentas que tem o respaldo de uma produtora, e supervisionada por Werinton Kermes, (atual secretário de cultura) em projeto de uma Organização não Governamental (ONG).

Segundo Iara, 25 anos, de Tietê, reclusa em Votorantim e que é a apresentadora do programa, o projeto abre um novo caminho para ela e outras mulheres que participam. “Trabalhei como auxiliar de estilista e agora aqui dentro ganhar uma oportunidade de aprender uma nova profissão é muito bom”, destacou. “Na hora da entrevista a gente fica meio nervosa, mas supera”, afirmou.

A mesma opinião tem Edileusa, 29 anos, de Itu, reclusa e que trabalha como cinegrafista do projeto. “Gostei muito de participar, pois é uma profissão muito legal e que pretendo seguir logo depois de sair daqui”, salientou. Bianca, 31 anos e Camila, 22 anos, atuam como produtoras e pauteiras do projeto. “É uma nova experiência para nós e estamos aproveitando para aprender para que no futuro possamos quem sabe até atuar na área”, afirmaram.

Segundo Werinton Kermes, o programa “TV Cela” já é uma realidade e há três meses em andamento está na sua terceira edição. “Tem o lado da socialização e é também um canal para que essas moças expressem para o outro lado suas emoções e nós estamos aqui para contribuir para isso com todo apoio técnico”, destacou o cineasta, jornalista, e hoje secretário de Cultura de Votorantim.

O titular da Delegacia de Juventude de Sorocaba, José Augusto Pupin, também elogia a iniciativa e segundo ele, além de movimentar e proporcionar atividades, o projeto é positivo para as reclusas dentro de um contexto de socialização. A iniciativa também proporciona um clima de tranqüilidade.

A deputada Maria Lúcia disse ainda que ficou emocionada com a entrevista dada para a equipe do projeto “TV Cela”, ontem: “É bom sentir de perto a emoção delas, pessoas que convivem o dia-a-dia aqui e que estão expondo de dentro para fora seus problemas, emoções e a realidade social”, disse a deputada.


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